A arte de furtar na república da bruzundanga: A burocracia e os espaços da norma em Lima Barreto

Resumo

O presente artigo discute como Afonso Henriques de Lima Barreto (1881-1922) produziu visibilidade sobre a burocracia nacional e representou a sua estrutura na sátira Os Bruzundangas (1922). Com isso, busca-se tornar evidente como o literato conseguiu mobilizar essa discussão tendo como ponto de partida uma série de reflexões que fez acerca do direito e seu fenômeno, ao criar uma ponte de interpretação da Lei para fundamentar seus protestos, cotejados em artigos e crônicas. As referidas produções – que foram espacializadas pela linguagem em sua produção de caráter ficcional, especialmente na obra que selecionamos para desenvolver esta discussão – revelam-nos, em um plano geral, o desenvolvimento da política nacional brasileira do alvorecer republicano, onde seus personagens são identificados alegoricamente através da arte de furtar.