Produção social do espaço imigrante (Brasil Meridional, século XIX): Reflexões a partir da metodologia da micro-história

Resumo

O presente artigo tem como objetivo refletir sobre a maneira como método da micro-história italiana pode contribuir para pensar novos problemas de pesquisas acerca da temática da imigração europeia e da produção de territórios de imigrantes no Brasil meridional, na segunda metade do século XIX. Nas últimas décadas, a utilização de uma metodologia centrada em mapear as escolhas de indivíduos, as estratégias de famílias e grupos, sejam elas no campo econômico, político, religioso ou parental, propiciou lançar questionamentos acerca das visões idealizadoras e homogêneas existentes sobre os imigrantes e os locais em que viviam. A pesquisa em fontes de natureza diversas, somada à utilização da perspectiva microanalítica, desencadeou uma renovação nos estudos sobre as migrações transatlânticas do oitocentos e as sociedades fundadas pelos estrangeiros. O referido método propiciou o surgimento de uma infinidade de problematizações, como maneiras de pensar a relação entre o individual e o coletivo, a família e a comunidade, o local e global, e também a produção social do espaço. Utiliza-se da descrição de investigações micro-históricas sobre a inserção de imigrantes alemães e italianos, nos espaços urbano e rural do Rio Grande do Sul oitocentista, para demonstrar a potencialidade do referido método na espacialização da análise social.