Relações entre a utilidade do conhecimento histórico e posicionamento de jovens estudantes brasileiros acerca dos governos militares: uma análise quantitativa, a partir dos dados do “Projeto Residente”

Resumo

O presente artigo traz algumas reflexões sobre qual o grau de utilidade da disciplina de História que jovens brasileiros atribuem à compreensão do presente e à sua vida prática e como essa concepção se relaciona com a representações que eles associam aos governos militares que vigoraram no Brasil entre 1964 e 1985. Essa análise foi construída a partir dos dados obtidos pelo “Projeto Residente: observatório das relações entre jovens, política e História na América Latina”, com  questionários de múltipla escolha construídos majoritariamente com base na escala Likert aplicados a 3923 jovens brasileiros entre 14 e 16 anos, em coleta realizada entre maio e agosto de 2019. A tabulação de dados, bem como a construção de gráficos e tabelas se fez por meio do software SPSS. A maioria dos jovens atribuiu um caráter utilitário e exemplar do conhecimento do passado e da História  para a compreensão do presente, tanto em nível coletivo, quanto da sua própria vivência particular. Esse grupo também relacionou mais a ditadura militar a representações negativas, como à tortura e assassinato de opositores bem como a não levar em conta a opinião do povo para governar. Em contrapartida, os estudantes que consideram que a História é apenas uma matéria da escola e nada mais ou algo que já morreu e nada tem a ver com a sua vida, foram também os que mais associaram representações positivas à ditadura militar, percebendo-a como um período sem corrupção, por exemplo.