Religiosidade medieval e Franciscanismo

Alex Silva Costa

Resumo


No século XIX Sabatier evidenciou a disputa memorialística entre os grupos “Espirituais” e “Conventuais” que reivindicavam memórias de Francisco de Assis para legitimação de planos ideológicos. As hagiografias franciscanas “oficiais” apresentam em seu conteúdo visões doutrinárias que foram utilizadas como modelo para as ações religiosas dos “Conventuais”. Em contrapartida a essas visões estava o grupo dos franciscanos “Espirituais”, que viam o uso dessas interpretações de forma divergente e reivindicavam muitas vezes os testemunhos das hagiografias franciscanas “não oficiais”. Abordamos por meios das análises discursivas hagiográficas a construção do milagre deífico dos estigmas de Francisco de Assis e suas representações para a religiosidade medieval. Compreendemos que por mais que a memória sobreviva a seu desaparecimento, assumindo a forma de um mito que, por não poder se ancorar na realidade política do momento, alimenta-se de referências culturais, literárias ou religiosas. Assim, “o passado longínquo pode então se tornar promessa de futuro e, às vezes, desafio lançado à ordem estabelecida” (POLLAK, 1989, p.11-12). Por isso o trabalho de conservação de uma memória vive em constante disputa por causa da reivindicação de interesses de grupos divergentes.


[1] DOUTORANDO em História pelo Programa de Pós-Graduação em História e Conexões Atlânticas: culturas e poderes (PPGHIS), da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). MESTRE em História Social pela Universidade Estadual Londrina (UEL-PR). GRADUADO em HISTÓRIA (Licenciatura) pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). Membro do BRATHAIR ligado à Associação Brasileira de Estudos Medievais (ABREM). Desenvolve estudos em duas áreas de pesquisa, são elas, a História Cultural e a História Medieval. E-mail: alexandrecosta03@hotmail.com


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